segunda-feira, 24 de outubro de 2011

PARA ALÉM DOS MUROS (por Claudio Laureatti)

O problema não é o mundo. São os muros
O problema não é a seca. São as cercas
O problema é que o muro diz algo deselegante do vizinho
Cansei de abrir muro na marreta
Mas como pedir ao muro licença?
Os muros das casas são altos
para não deixar ninguém entrar
Os muros das prisões são altos
para não deixar ninguém sair
Muro baixo para quem está fora
Muro alto para quem está dentro
Murros não derrubam o invisível muro
se cada um se fechar em seu mundo


Do outro lado do morro
preso no engarrafamento do rádio
Do outro lado do mundo
prisão de muros e murmúrios para mim
Do outro lado do muro
preso no apartamento com televisão                                                                                
Sonhei que posso passar spray
nas pedras do muro das casas do mundo

No meio do muro tinha uma árvore
Ser muro onde o morro desabou grave
Gatos caem dos muros altos dos outonos
Outras primaveras outras rosas outros donos
Prefiro ser ponte ser morro ser nada
ser tudo cercado ser muro
onde moro onde esmurro onde rascunho palavras
no muro na grama na calçada


Confira a entrevista do poeta Cláudio Laureatti para o programa ArtMultCultural no link: http://youtu.be/9-Hfvzr7ljQ

 (Envie você também o seu texto (poema, conto, crônica ou artigo de opinião - com ou sem imagem) para "corretextos@hotmail.com", com nome (civil ou autoral), bairro e cidade, que divulgaremos aqui! O melhor do mês sairá também na coluna "Corre Mundo!" do Jornal CI. Participe !)

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

FANTASMAS (por Elizabeth Oliveira)

Olhando pra traz a menina vê com que valentia eles sobreviveram...
Guarda no peito os segredos das palavras perdidas,não ditas na hora certa, lembra do dia em que seus irmãos voltaram da escola com a cabeça raspada com navalha, lembra bem como eles se sentiram humilhados e infelizes...estavam com piolho e não eram "ninguém", não tinham ninguém por eles

Queriam qualquer cantinho na alma de alguém que já tinha partido e não estava ali pra defende-los...

Qualquer um resolvia que podia raspar suas cabeças, sabiam que ninguém ia protestar. Seguiam e sentiam o vazio do dia, ou da noite rasgando a madrugada, e quando a manhã chegava um sufoco se apoderava da menina, era insuportável não saber o que ia acontecer,...seu devaneio era incessante....

Todo aquele sentimento de solidão ficava insano e se chocava contra a razão...

Ser uma sobrevivente não era vantagem...

Ela queria ser cuidada e estava com pena dos irmãos com suas cabeças peladas, ela não entendia...

________Porque?
Era uma pergunta que ecoava em sua mente

________Ecoa até hoje.




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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

DEMÃO (por Rubens Guilherme Presenti)




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sexta-feira, 14 de outubro de 2011

A BOA MORTE (por Rommel Wernec)

A M.P.


--- Quem passa por aqui? --– A Boa Morte
--- Por que boa se matas? --- Não, não mato
--- Que vieste fazer? --- Queimar-te todo


--- Como queimas? --- Com tua permissão
--- Depois fazes quê? --- Levo-te daqui
--- Levas-me aonde? --- Levo-te ao inferno


Isto, chamamos nós de Boa Morte,


Pois não nos mata, só conduz ao fogo...


Rommel   Werneck (São Caetano do Sul/SP) 

04 de outubro de 1554 


Título: Portrait of a Florentine Nobleman
 Autor: Francesco Salviati (1510–1563)


Notas do autor:


Inicialmente, queria fazer uma releitura deste soneto ilustre de Camões, mantendo a forma fixa italiana, mas mudando o tema para amor. Com o andar da liteira (carruagem é muito séc XIX!), preferi uma forma fixa atual, o indriso é o poema mais contemporâneo que existe, portanto, meu plano foi criar algo ultramoderno mas com fortíssimo retorno ao Maneirismo. Que anacronismo!

A métrica adotada foi o decassílabo com doses de pentâmetro iâmbico em alguns versos para ser mais fiel ao período histórico. Em contraponto, versos brancos para o anacronismo já comentado e também focalizar o ritmo nas perguntas, no conteúdo mesmo além de servir de exemplo de versos isométricos, mas sem rima. 
Infelizmente, muitos poetas contemporâneos acreditam em divisões estabelecidas, por exemplo, "versos com métrica (sic) tem que ter rima ou versos (sem métrica) não podem ter rima". Isto nos leva a um reducionismo, uma restrição do que pode ou não fazer, sendo que precisamos buscar conhecer as várias alternativas possíveis, por exemplo, versos livres rimados, decassílabos sem rima, heterométricos rimados e brancos etc etc. Obviamente, a temática e outros aspectos também precisam se libertar desse puritanismo do Modernismo.


 
Confiram o belo e interessantíssimo blog do autor "Poesia Retrô" : http://poesiaretro.blogspot.com/

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quinta-feira, 13 de outubro de 2011

"O MUNDO ONOMATOPÉICO" (por Tatiana Tribek)

Oi, bom dia!


silęncio...


Por favor, 9º andar.


silęncio...


Obrigado!


silęncio...


Bom dia!


tec tec tec tec tec tec tec


O azul do céu está especialmente bonito hoje, vocę năo notou?

tec tec tec tec tec tec tec tec tec tec tec tec tec tec tec tec

tec tec tec tsic tsic poft tec tec tec tec tec tec tec tec tec

tec tec tec tec tec tec tec tec tec tec tec tec tec tec tec


Vamos almoçar?


suspiro...


Aceita um suco?


trinc plaft glupt arght


Oi, boa tarde!


silęncio...


Por favor, 9º andar.


silęncio...


tec tec tec tec tec tec tec tec tec tec tec tec tec tec tec tec

tec tec tec tec tec tec tec tec tec tec tec tec tec tec tec

tec tec tec tec tec tec tec tec tec tec tec tec tec tec

fuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu tec tec tec tec

tec tec tec tsic tsic poft tec tec tec tec tec tec

tec tec tec tec tec tec tec tec tec tec tec

tec tec fuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu

tsic tsic tec tec tec tec tec tec

tec tec tec tec tec tec


Lua cheia! Vou comprar gérberas para o meu amor...


Boa noite, amor!

zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz


Amor?


zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz

zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz



zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz

zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz



zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz

zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz



(envie também o seu texto para "corretextos@hotmail.com" que divulgaremos aqui. O eleito "melhor do mês" sairá também na coluna "Corre Mundo!" do Jornal CI! Participe!)

domingo, 9 de outubro de 2011

Retorno do Corre Cotia com lançamento de Willian Delarte!

Retornamos oficialmente nossas atividades nesse 27 de agosto de 2011 com o Sarau Cultural na biblioteca municipal “Batista Cepellos” (Cotia/SP)!




E não poderia ter sido melhor... Além do reencontro com velhos amigos ativistas, agentes culturais, intelectuais e artistas, o sarau teve o privilégio de lançar oficialmente em Cotia o livro “Sentimento do Fim do Mundo” do nosso colaborador Willian Delarte!


A alegria e a descontração, como sempre, tomaram conta do sarau! Dança, música, teatro e poesia, tudo em prol da celebração da Arte e da Vida!


(César Moraes)


(Regiane Trujillo)

(Cácia Vieira)

(João Barcellos)
(Hélio Matias (gaita) e Wagner Camacho (bongô))

(Georges Ohnet (pioneiro da TV brasileira)  e Willian Delarte)

Agradecemos a Secretaria de Turismo e o Departamento de Cultura de Cotia pela liberação do espaço, ao Jornal Conteúdo Independente pela parceria, e, o principal, a você que lá esteve e que sempre esteve conosco nessa festa, nessa luta!


 (históricos colaboradores!)


 (amigo-irmãos e organizadores!)


Parabéns a todos nós que lutamos por uma vida sócio-cultural plena, pela simples e grandiosa arte de viver!


Nota: envie seu texto (poema, conto, crônica ou artigo de opinião) que publicaremos neste blog! O melhor texto do mês também será publicado Jornal Conteúdo Independente, na coluna destinada ao Movimento Corre Cotia.  Participe!


Fique atento, em novembro mais uma edição do Sarau Cultural!