quarta-feira, 30 de novembro de 2011

"INTERNET.COMUMENTES/SENSODEMENTE" (por Ednardo Gouveia)

Nas teclas do digitar tomam forma as expressões de mentes, do senso, do sentir, do ctrl+alt+del. Escondidos atrás de uma tela virtuobarreiracamuflagem, em câmeras que mostram tudo menos o olhar, e dum toque gélido na máquinadígito  vão se compondo pensamentos do ctrl+c e crtl+v  que denotam a sabedoria da pesquisa no Oráculo, que tudo armazena e tudo responde sem querer saber da coerência de quem costura um Frankenstein com os Seus informes.
O que fazer depois que o monitor se apaga? Depois que o brilho corrigido da tela deixar de ofuscar os olhos, e a não máscara da confluência virtual nos fizer olhar as pessoas de frente?  
Talvez voltar e sentar na cadeira carcomida, anatomicamente deformada, e reforçar a tendinite do movimento não natural na lesão do esforço repetitivo...
Ler algum clássico nos e.books inodoros, do sem tato e da não textura, talvez a obra de “Marcel Poust”, ouvir a erudição das “Facebaquianas”, num diverso e pretenso universo on line...
Melhor seria olhar por debaixo das saias a intimidade feminina captarroubada nas escadas rolantes do metrô e dos shoppings por olhos que não estão no corpo mas cabem na palma da mão...
Tudo o que eu quero é um HD externo “high tecnology”, com pelo menos 50 terabytes, para que eu possa colocar todo o meu lixo, a minha bagagem, a minha memória, os meus pedaços esquartejados espalhados em arquivos fragmentados na falta de uso do Drefrag: pela minha falta do tempo real...
Na minha mãe placa um processador decacore besuntado de pasta térmica, com um cooler multi-ultraventoso, que alivie a dor da minha cabeça por usar algo tão fora de moda hoje em dia: um cérebro vivo!
E ser confortado pelo esquecimento da eternidade, o inexorável vício, de que toda esta tecno-parafernália se tornará defasada, obsoleta, inútil, para que eu possa finalmente descansar, na minha rede de contatos de um passado virtual.

Ednardo Gouveia
(entre o Oiapoque e o Chuí, em algum lugar (ou perto) do Amazonas/Brasil)


(Envie você também o seu texto (poema, conto, crônica ou artigo de opinião - com ou sem imagem) para "corretextos@hotmail.com", com nome (civil ou autoral), bairro e cidade, que divulgaremos aqui e em grupos literários no Facebook! O melhor do mês sairá também no caderno "Corre Mundo" do Jornal Conteúdo Independente. Participe e corra-mundo!)

terça-feira, 29 de novembro de 2011

AÇÃO CIDADÃ PARA A CRIAÇÃO DO "CENTRO CULTURAL DE COTIA"!


Convocamos todos os cidadãos para, neste sábado três de Dezembro de 2011 às 18h,  se juntar a tantos outros na luta pela aprovação do Projeto do Centro Cultural de Cotia que será debatido por Vereadores, Secretários Municipais e Estaduais, Artistas e Cidadãos desta magnífica cidade.

É de extrema importância que a população esteja presente em números significativos para que os nossos governantes entendam a NOSSA NECESSIDADE de um espaço digno que possa ser usado para manifestação dos diferentes traços culturais deste rico país.

Não há direito sem luta, não há conquistas sem batalhas. Precisamos de você, do seu espírito, de sua alma e da sua presença para que possamos vencer mais esta etapa na conquista do CENTRO CULTURAL DE COTIA.

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1.1. Objeto
O Centro Cultural Cotiano é um sonho da comunidade de Cotia há muitos anos. Este lugar será utilizado para ações de cultura e lazer de nossos cidadãos Cotianos, sendo um ponto de referência na região para as ações culturais e de entretenimento, além de ser um espaço tradicional na cidade, palco de grandes artistas locais e nacionais que vivem em nossa região.

1.2.Como
Com a reforma do espaço físico do antigo presídio de Cotia para o Centro Cultural, a população terá acesso a oficinas culturais e capacitação profissional. O Projeto será apresentado ao Poder Público, a Iniciativa Privada e a potenciais investidores nacionais e internacionais, os quais garantiram a captação de recursos para a construção e equipagem do Centro.

1.3.Para quem
O Centro irá beneficiar diretamente a população de Cotia.

LOCAL:


Rua Batista Cepelos, 91, Centro,Cotia/SP

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Casa de Airá convida Delarte para "Roda de Conversa - Produção Cultural Afro-brasileira em Cotia"!

Neste domingo, 27/11/2011, a Casa Airá  (ONG Cultural sediada em Caucaia do Alto-Cotia/SP), representada por seu fundador Hélcio Barbosa Jr., promoveu na EM Jornalista Maria do Carmo (Cotia) uma importante Roda de Conversa sobre Produção Cultural Afro-brasileira em Cotia.

Entre outros agentes culturais presentes, lá esteve, a convite, o escritor e colaborador do Corre Cotia Willian Delarte que, entre outras abordagens, falou dos trabalhos  sócio-culurais desenvolvidos na cidade pelo Corre Cotia e Jornal Conteúdo Independente.

Discutiu-se muito a necessidade de engajamento de todos os artistas e agentes, sejam da música, da dança, do teatro, da capoeira ou da literatura, a fim de que se quebre as correntes do preconceito e da marginalização que, via de regra, sofrem qualquer tipo de manifestação da cultura e religiões dos afro-descendentes.

Por sua vez, Delarte oficializou a campanha em prol do “Centro Cultural Cotiano”, este que há algum tempo o Corre Cotia - entre outros agentes e entidades - está imbuído e que consiste na formatação de um projeto viabilizador para se transformar a Cadeia Policial de Cotia (desabilitada) em um grande Centro Cultural. Para isso será necessário um forte apelo popular e envolvimento de todos neste processo que, em breve, divulgaremos mais informações neste blog.

O poeta falou de suas origens e influência da cultura afro na composição do seu livro “Sentimento do Fim do Mundo” e em outros escritos e, por fim, enfatizou a importância de todos terem representação e poderem ocupar e usufruir os espaços públicos e o futuro - por que não? – Centro Cultural Cotiano!

Agradecemos e parabenizamos a Casa de Airá e o Sr. Hélcio Barbosa Jr. pela iniciativa, e fazemos o oficial convite para juntar forças conosco nas campanhas e nas lutas em prol da Cultura e da Arte, tão carentes em nossa cidade.


terça-feira, 22 de novembro de 2011

ASSIM DEIXEI (por Leticia Duns)

Deixei de escrever frases bonitas,
Mentiras alegres e corações partidos.
Na árvore que não via,
Deixei penduradas folhas escritas,
No solo, canetas sem tintas,
Nos frutos, casca sem polpa.
Deixei de querer o mundo
E todas suas coloridas flores
Se presas às raízes estão
Mas radiantes, exibem sua beleza.
Deixei de querer as músicas,
O que me impressiona
Se camufla em suas letras,
Melodias e acordes gritantes.
Deixei de querer alma,
Se enquanto corpo pulsa prazeres
E tão incoerente a descreve
Como se alma dele dependesse.
Deixei de correr os caminhos,
Olhar para os lados,
Enxergar vazio,
Lamentar passados, cegar destinos.
Decidi que deixei de tudo um pouco:
Tudo que me é vago,
Tudo que parece bonito,
Tudo que aparenta sintonia,
Tudo que está superior,
Tudo que é regrado.
Sim, de tudo um pouco,
Afinal poucos são os ensinamentos
Sobre nada que sabemos.
Um pouco de tudo,
Um pedaço de cada aroma
Mesmo que não goste.
Experimentos, só um pouco...
Acaba- se sem legados,
Apenas poetizando vagamente
Sobre palavras escritas, papel branco
Penduradas nos galhos
Daquela árvore que não via,
Flutuava sobre o chão.
Árvore donde nasce a verdade.
A verdade?
Deixei de escrever frases bonitas,
Mentiras alegres e corações partidos.

Leticia Duns
(Jd Boa Vista-São Paulo/SP)



Imagem inspirada pelo poema
(Tiago Costa Ilustrador - http://tiagocostailustra.blogspot.com/)


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sexta-feira, 11 de novembro de 2011

"Demão", de Rubens G. Pesenti, foi o vencedor de outubro/11 e já corre-mundo!

O Poema-imagem "Demão", de Rubens Guilherme Pesenti (Caieiras/SP), foi escolhido por nós, do Corre Cotia e Jornal Conteúdo Independente, o melhor de outubro!

Confira abaixo a edição de novembro do Jornal CI em sua versão virtual. O poema saiu no caderno "Corre Mundo"!:



Baixar o jornal em PDF: http://www.divshare.com/download/16140117-47c


Parabén Rubens!


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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

"VERBETE" (por Juliana Guida - Carapicuíba/SP)

            Que coisa mais linda esses animais, que maravilha sua presença!
            Privados de garras, eles mesmos não vão à caça,  rapinam de forma diferente: alimentam-se de animais agonizantes e de carcaças.
            Assim, cumprem um importantíssimo papel social, consomem cerca de 95% da agonia e abrem espaço para mais.
            Não cantam.  
            Outra característica impressionante é o seu senso de hierarquia, quase não é preciso persuasão, e eles já se submetem. Basta chegar um da espécie mais elevada, para que os outros lhe abram espaço. A razão de seu prestígio? Traz a plumagem mais colorada e o bico mais afiado, é capaz de sugar tudo até das carcaças mais fortes. Os outros ficam, pela esperança das sobras, humildes.
            Alcançam alturas insondáveis. Mais do que voam, planam. Vão seguindo, todos, as correntes quentes... passam horas em círculos sempre procurando. O importante: sem esforço.
            Diferente dos adultos, nascem com uma pelagem branca, mas os pais os alimentam com o que regurgitam e, logo, já lhes são iguais.
            Não cantam.
            Em algum momento da evolução perderam a siringe, só crocitam.
            Passam muito tempo no alto, tão distantes, é fácil ignorar a dor do corpo para virar carniça. O que lucrarão, enxergam.
            É comum encontrá-los com o bico aberto. Sem nem mesmo o saber, são adeptos do tédio, muito calor não lhes interessa.
            Para muitos observadores, sua imensa capacidade de consumir o apodrecimento é um mistério. Acreditam que possuem um poderoso suco gástrico que lhes livra de qualquer reação adversa ao menu indigesto, da culpa à náusea.
            Quando localizam uma carniça, comem até se empanturrarem, até ficarem tão pesados que não conseguem mais voar, é então que se sentem mais satisfeitos.
            Não cantam.
            Há teorias que apontam que o fedor os impede.      
            Levam a cabeça despenada, os pesquisadores se dividem, solução higiênica ou estresse?
            Apesar de serem muito vistos em bando, são animais solitários. Aglutinam-se somente por duas necessidades: alimentação e acasalamento. Satisfeitas, se vão.
            Querendo, todo céu lhes pertence.
            Mas vivem mesmo vidrados no chão.            


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